MT tem 77% de crianças e adolescentes vivendo em situação de pobreza multidimensional
Estudo foi publicado nesta terça-feira e aponta mulplas dimensões da pobreza, como renda, educação, trabalho infantil, moradia, água, saneamento e informação.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) lançou nesta terça-feira (14.02), a pesquisa "As Múltiplas Dimensões da Pobreza na Infância e na Adolescência no Brasil", que apresenta dados alarmantes sobre a situação de crianças e adolescentes no país. Segundo o estudo, em Mato Grosso, de cada 100 crianças e adolescentes, 77 vivem na pobreza em suas múltiplas dimensões, incluindo renda, educação, trabalho infantil, moradia, água, saneamento e informação. A pesquisa utilizou dados oficiais relacionados a sete dimensões: renda, educação, trabalho infantil, moradia, água, saneamento e informação. Além disso, foi realizada uma análise específica sobre a renda para alimentação. Os resultados mostram que em 2019, 32 milhões de meninas e meninos de até 17 anos estavam privados de um ou mais desses direitos no país. Para os anos seguintes, só há dados de educação e renda, incluindo renda para alimentação – e todos pioraram. Em 2021, o percentual de crianças e adolescentes que viviam em famílias com renda abaixo da linha de pobreza monetária extrema (menos de 1,9 dólar por dia) alcançou o maior nível dos últimos cinco anos: 16,1%, versus 13,8%, em 2017. No caso da alimentação, o contingente de crianças e adolescentes privados da renda necessária para uma alimentação adequada passou de 9,8 milhões, em 2020, para 13,7 milhões, em 2021 – um salto de quase 40%. Já na educação, após anos em queda, a taxa de analfabetismo dobrou de 2020 para 2022 – passado de 1,9% para 3,8%. A pobreza multidimensional impactou mais quem já vivia em situação mais vulnerável – negros e indígenas, e moradores das regiões Norte e Nordeste –, agravando as desigualdades no País. Entre crianças e adolescentes negros e indígenas, 72,5% estavam na pobreza multidimensional em 2019, versus 49,2% de brancos e amarelos. Entre os estados, seis tinham mais de 90% de crianças e adolescentes em pobreza multidimensional, todos no Norte e Nordeste. "A pobreza na infância e na adolescência vai além da renda. Estar fora da escola, viver em moradias precárias, não ter acesso a água e saneamento, não ter uma alimentação adequada, estar em trabalho infantil e não ter acesso à informação são privações que fazem com que crianças e adolescentes estejam na pobreza multidimensional", explica Liliana Chopitea, chefe de Políticas Sociais, Monitoramento e Avaliação da Unicef no Brasil. Em Mato Grosso, o estudo indica a falta de acesso a saneamento como a dimensão que mais afeta crianças e adolescentes, impactando 67,1% de meninas e meninos, seguida pela privação de renda (24,1%) e acesso à informação (11,1%). Em seguida vem falta de acesso à moradia (7,3%), privação de educação (5,3%), trabalho infantil (5%) e água (3,3%). No total, 77,3% das meninas e meninos do estado são afetados por uma ou mais de uma dimensão da pobreza multidimensional. Recomendações da Unicef Em suas recomendações, a pesquisa destaca a importância de priorizar investimentos em políticas sociais como forma de garantir a proteção e o desenvolvimento desses grupos vulneráveis. Além disso, a ampliação da oferta de serviços e benefícios às crianças e aos adolescentes mais vulneráveis também é destacada como uma medida essencial para garantir seus direitos. Fortalecer o Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente é outra medida importante recomendada pela Unicef, pois isso ajuda a garantir que as crianças e os adolescentes possam usufruir de seus direitos de maneira efetiva. Para monitorar a situação das crianças e dos adolescentes mais vulneráveis, a Unicef sugere a implementação de medições e o monitoramento das diferentes dimensões da pobreza e suas privações por um órgão oficial do Estado. Dessa forma, é possível entender melhor a situação desses grupos e garantir que as políticas públicas atendam suas necessidades. Outra recomendação importante da Unicef é promover a segurança alimentar e nutricional de gestantes, crianças e adolescentes. Isso significa garantir que esses grupos tenham acesso à alimentação adequada, reduzindo o impacto da fome e da má nutrição nas famílias mais empobrecidas. Para garantir o acesso à educação, a Unicef recomenda a implantação de políticas de busca ativa escolar e retomada da aprendizagem, em especial da alfabetização. Também é importante priorizar a agenda de água e saneamento, além de implementar formas de identificar precocemente as famílias vulneráveis a violências, incluindo trabalho infantil. Por fim, a pesquisa enfatiza que é fundamental promover e fortalecer oportunidades no ambiente escolar e na transição de adolescentes para o mercado de trabalho. Conforme o Fundo, ajuda a garantir que esses grupos possam desenvolver suas habilidades e competências, contribuindo para seu desenvolvimento e para o crescimento econômico do país.
Fonte: PNB Online
Comments