Maior produtor de grãos do país, Mato Grosso poderá ter o trigo como sua próxima fronteira agrícola
Conteúdo/ODOC – O presidente da Embrapa Trigo, Jorge Lemainski, destaca que Mato Grosso pode ser a próxima fronteira agrícola do trigo tropical. Apesar de ser o maior produtor de grãos do país, o Estado não produz o cereal. O trigo é uma opção de rotação de cultura com a soja, além do milho e algodão.
Uma das vantagens é o efeito descarbonizante do trigo, conforme o pesquisador. “Estudo de caso de 2022 considerou a associação trigo/soja e, de acordo com os dados, no cultivo do trigo houve um ‘sequestro’ de 520g de CO² e no da soja, de 884g”, pontua.
Um dos motivos para isso é o comportamento das raízes do trigo, que ajuda a estruturar mais o subsolo, retendo mais água e dando mais estabilidade e resiliência à lavoura. “O que fixa a água no solo não é a palhada, mas a raiz. Por isso digo que, ao contrário do que se diz, a agricultura é parte da solução do problema do aquecimento global, e não a causadora”, argumenta.
De acordo com os dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em 2022, consumo de trigo no Brasil foi de 12,4 milhões de toneladas, sendo que a produção foi de 10,6 milhões de toneladas. Por isso, o Brasil é um importador de trigo. Ao todo foram 1,8 milhão de toneladas compradas de outros países.
O maior produtor nacional de trigo é o Rio Grande do Sul, responsável por 54,3% da produção em 2022. Na região Centro-Oeste, Mato Grosso do Sul, Goiás e Distrito Federal juntos produzem 1,8% do volume nacional (194 mil toneladas).
Além do pão
Além de mitigar os efeitos do carbono, o trigo não é utilizado apenas para fazer farinha para pães, massas e bolos, há o uso para ração e geração de biocombustíveis. “Embora o senso comum seja pensar na indústria da panificação como principal cliente, o trigo é matéria-prima também para a cadeia produtiva de carnes (que o emprega para produzir ração, pasto e silagem), de biocombustíveis (na produção de etanol) e de grãos (seja para exportação ou uso como planta de serviço).
Em menos de 50 anos, o Brasil quintuplicou a produção de trigo, dobrando a produção em quatro anos e tornando-se autossuficiente de cinco anos para cá. “Mas, por questões de mercado, o principal produtor, Rio Grande do Sul, optou por exportar parte do volume produzido”. Isso porque boa parte do trigo cultivado no Brasil Central é considerado premium.
“A Embrapa trabalha hoje para desenvolver cultivares propícias para atender a demanda de ração animal, em caráter de substituição ao milho”, informou Lemainski. Atualmente, o portfólio da empresa de pesquisa brasileira soma mais de 120 cultivares disponíveis.
Fonte: O Documento
Comments