Jovem quilombola ensina alunas de escolas públicas a confeccionar absorventes ecológicos em MT
Intenção do projeto social desenvolvido em unidades de Várzea Grande é combater a pobreza menstrual.
Um projeto social criado pela quilombola Abdany Profeta, de 35 anos, ensina adolescentes de 14 anos ou mais a confeccionarem absorventes ecológicos. As oficinas são feitas em escolas públicas de Mato Grosso.
Os absorventes são produzidos a partir do aproveitamento de tecidos de malha e também materiais novos adquiridos pelo projeto. Parte da produção é doada para outras adolescentes.
Algumas costureiras voluntárias acompanham as meninas nas oficinas e dão orientações durante a confecção dos itens.
Abdany disse ao g1 que só a distribuição e confecção desses itens não bastam.
"É preciso ir além. Esse debate deve ir além dessas meninas. Isso deve alcançar a todos, meninos e homens. Discutir pobreza menstrual é uma questão que exige uma solução urgente”, disse.
Para liderar a tarefa tão importante, Abdany disse que encontra forças no autoconhecimento, como mulher negra e descendente de escravos, e que vai levar essa bandeira para toda a vida.
A ideia é implantar um curso permanente nas escolas, segundo ela. Nesta primeira fase, o projeto atende as meninas da Escola EstaduaI Irineu Gomes, em Várzea Grande, região metropolitana de Cuiabá.
No Brasil, a Organização das Nações Unidas (ONU) estima que 25% das meninas entre 12 a 19 anos deixaram de ir à aula por não ter acesso aos absorventes.
Isso se tornou um problema de saúde pública denominado de pobreza menstrual. Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), mais de 60% das meninas não são informadas sobre o processo de menstruação em todo o mundo. Sem informação, isso pode tornar traumatizante o primeiro ciclo menstrual, de acordo com Unicef.
Assembleia derruba veto e garante distribuição de absorventes
Em novembro do ano passado, os deputados estaduais derrubaram o veto do governado Mauro Mendes (União Brasil) ao projeto de distribuição de absorventes higiênicos em escolas públicas e postos de saúde.
O argumento do governo ao veto se deu porque "não havia orçamento para instituir o programa". No entanto, os deputados rebateram e afirmaram que o projeto tem como objetivo estimular a prevenção e riscos de doenças infecciosas.
Além disso, eles também enfatizaram a importância de reduzir a evasão escolar das meninas dessa faixa etária em razão delas se sentirem constrangidas durante o primeiro ciclo menstrual.
Com a derrubada do veto, as escolas públicas e postos de saúde do estado poderão passar a oferecer absorventes. A distribuição gratuita do produto deve acontecer por meio de 'cotas mensais' a cada estudante do sexo feminino.
Fonte: G1
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