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Investidores no Brasil migrarão para a renda fixa diante das incertezas, diz Jakurski

Gestor da JGP diz que país terá que achar bom se o PIB ficar no zero a zero ano que vem

Diferentemente dos Estados Unidos, que ainda tem os juros zerados, onde o resquício de bons níveis de poupança - causadas pelo impulso fiscal dos últimos anos - ainda tem poder para animar a economia, o Brasil tem um caminho de recuperação pós-pandemia bem mais difícil.


Com os juros dando um salto de 2% para mais de dois dígitos, baixa quantidade de reserva em poupança, investimentos aquém do esperado, produtividade afetada pela falta de suprimentos e uma "âncora fiscal de tributação" pesando sobre a população, o país terá que "achar bom" se o Produto Interno Bruto (PIB) ficar no zero a zero ano que vem, na visão André Jakurski, fundador e gestor da JGP Asset Management.


"Já tínhamos comorbidades estruturais antes da pandemia. Isso foi agravado e será expandido. A inflação vai continuar alta, ainda que não nos níveis atuais, mas o potencial de crescimento do Brasil vai ficar muito prejudicado", comentou o gestor, durante um evento on-line organizado pela casa de análises Empiricus.


Crítico da política de juros muito baixos apresentada pelo Banco Central durante a pandemia, o executivo projeta uma migração dos investidores para o conforto das taxas pós-fixadas da renda fixa. "As pessoas vão para renda fixa. Elas deixarão a renda variável e os ativos de longa duração para papéis mais seguros, como os indexados ao CDI (taxa que acompanha a Selic)", disse Jakurski.


O gestor acredita que as aplicações que combibem a indexação ao CDI com isenção de Imposto de Renda devem ser as preferidas do momento, e citou como exemplo o lançamento recente de um Fiagro pela própria JGP, que terá remuneração atrelada ao CDI.


Em relação a outras possibilidades de investimento, o executivo observa que o dólar se apresenta com um preço próximo do justo e, tendo em vista o custo de oportunidade da Selic (já que compra dólar não ganha esses juros), só recomenda compra da moeda americana para quem pretende diversificar os investimentos geograficamente. Já para as ações, a recomendação para os investidores é adotar a seletividade.


"Os bancos estão com credito baixíssimo pela ameaça das fintechs, mas tem a tradição de gerar bons resultados em qualquer época. Se avaliarmos os papéis do Itaú ou Bradesco, por exemplo, vejo como bons lugares para o investidor estacionar. Mas se a ideia é comprar papel pensando em crescimento em meio à desecelaração da economia, o tombo vai ser grande", disse.


Para Jakurski, o cenário atual, de economia devagar e juro elevado, desaconselha a compra de ações com múltiplos entre preço e lucro muito elevados, e portanto dependam muito de crescimento para serem realmente atrativas.


Ao analisar o cenário macroeconômico, o empresário afirmou estar muito preocupado com o médio prazo. Entre as razões, ele citou a possibilidade de crescimento zero da economia e o descumprimento do teto de gastos. Com o avanço da PEC dos Precatórios, Jakurski ponderou que os R$ 90 bilhões previstos para serem gastos representam 1% dentro do PIB (Produto Interno Bruto) de R$ 9 trilhões. O temor dele é que, uma vez aberta a porteira do teto, outras demandas por gastos surjam e o país caminhe para ter níveis proibitivos no indicador que relaciona a dívida e o PIB. "Havíamos diminuído a dívida em relação ao esperado, que ainda é muito alta entre os países emergentes. Se tivermos uma trajetória recorrente de gastos, estaremos num nível muito complicado até porque os juros subiram e o governo vai pagar muito mais para financiar uma dividia que é curta", analisou.


Fonte: Valor Investe

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