De cabeça inchada, Pátio sai do mandato por 15 dias
Prefeito cantava vitória de Lula (PT) em Rondonópolis e lançou Neuma a federal, perdendo nas duas. Para a ALMT, fez força reduzida à Magnani
O prefeito de Rondonópolis, Zé Carlos do Pátio (PSB), depois de ter uma vitória robusta em 2020, onde conseguiu se reeleger com quase 44% dos votos válidos, veio com o peito cheio para o pleito de 2022, mas empilhou insucessos. Desanimado, o gestor decidiu pegar 15 dias de férias, a partir desta segunda-feira (10).
Pátio cantava vitória de Lula (PT) na cidade que comanda, se apresentou como o líder da “virada petista” sobre Jair Bolsonaro (PL), embasado em uma suposta pesquisa onde o ex-presidente superava o atual nas intenções de voto.
O tempo mostrou que se tratava de um balão de ensaio do prefeito para tentar influenciar voto. Bolsonaro teve quase 60% dos votos válidos contra pouco menos de 35% de Lula, na votação do último dia 2 de outubro.
Entusiasmo
A confiança inicial, todavia, foi tanta que o prefeito chegou a lançar sua esposa, Neuma de Morais (PSB), ao cobiçado cargo de deputada federal, posição que o próprio Pátio nunca alcançou.
A votação de Neuma não foi irrisória, mas longe de justificar seu passaporte para Brasília. A primeira-dama, que herdou o espólio político do marido, alcançou quase 45 mil votos, o que pode ser considerado um bom desempenho pessoal, mas inegavelmente é uma derrota para o gestor.
O atual prefeito permeia há décadas pela política mato-grossense e contou com grande estrutura de campanha. Neuma teve disponível, só do seu partido, o PSB, mais de R$ 1 milhão para gastar na busca por votos.
Decepção
Apesar de todo o montante financeiro e de uma votação abaixo dos 45 mil votos, Pátio ainda achou um jeito de colocar a culpa da derrota no partido e no rendimento dos outros componentes da chapa, inclusive sinalizando uma teoria de conspiração interna contra si.
Mesmo sendo sua primeira candidatura, Neuma não contou com a vantagem que os novatos possuem de ter um nome “leve”, já que absorveu também diretamente todos os desgastes do marido. A candidata colou excessivamente sua imagem ao chefe do Executivo da maior cidade do interior e se limitou.
Promessas não cumpridas
Zé do Pátio também garantiu ao correligionário, Roni Magnani (PSB), que este teria seu apoio irrestrito. O vereador disputava uma cadeira na Assembleia Legislativa de Mato Grosso – ALMT, mas viu o aliado gravar vídeo e participar de atos em dobradinha com Nininho (PSD) e até Juca do Guaraná (MDB). Mesmo com quase 21 mil votos, Roni ficou pelo caminho, com uma sensação que faltou um empurrão a mais.
A licença de Pátio agora já é entendida como um aceno a grupos políticos liderados pelo senador, Carlos Fávaro (PSD), e pelo deputado federal cassado, Neri Geller (PP), ambos em campanha por Lula feito ele.
Os dois, conjunto a Nininho (PSD), haviam acordado com o gestor, há dois anos, que o mesmo se candidataria e renunciaria ao cargo, em 2022, abrindo dois anos de comando para Aylon Arruda (PSD), seu atual vice. Essa condição os fez apoiar ativamente e ajudar na reeleição do gestor, vinda com certa folga.
O titular da cadeira, contudo, não só descumpriu a promessa como lançou Neuma a federal, o que segundo o próprio Aylon sufocou seu projeto de buscar o mesmo cargo. O vice projetava um investida nas urnas após ver que Pátio não seria candidato.
Aylon recuou e assistiu a derrocada do companheiro de chapa. Pátio sentiu o golpe e entendeu que, sem parceria política, seu “teto” é a ALMT, ou então a própria Prefeitura, contando que a oposição sempre siga se dividindo e que a cidade não cresça até 200 mil eleitores, o que provocaria um perigoso segundo turno pra si.
Fonte: Minuto MT
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