Botelho manda recado a Mauro e dá fim a 'fast food' legislativo
O chefe legislativo explicou que os deputado querem tempo para discutir as matérias. Coincidentemente, Botelho e Mauro têm trocado farpas
O presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, deputado estadual, Eduardo Botelho (União), disse que a Casa de Leis não vai mais permitir que projetos enviados pelo Governo do Estado sejam votados a toque de caixa, impedindo que as Comissões e os parlamentares discutam as matérias.
Para Botelho, isso era aceitável num cenário de emergência sanitária, durante o período da pandemia, mas agora há que se voltar a normalidade. A declaração foi feita na última quarta-feira (08), após reunião dos líderes da ALMT, sendo entendida como um claro recado ao governador, Mauro Mendes (União), com quem o comandante legislativo não vive boa fase de relacionamento.
“Não estou preocupado em agradar ninguém, eu estou preocupado em fazer o melhor e, para fazer o melhor, muitas vezes o projeto precisa chegar com antecedência. Então que (o Governo) trabalhe e mande com antecedência. Isso é normal, foi definido isso e durante a pandemia a gente entendeu muito bem isso e agora não dá, não estamos mais em pandemia. Tem que ter as reuniões das comissões e o governo tem que mandar com antecedência os projetos”, cravou.
O chefe do Poder Legislativo Estadual ressaltou que a mudança de postura tem a ver com as demandas dos parlamentares, que querem mais tempo para discutir e debater os temas apresentados na Casa, como prevê o Regimento Interno. “Praticamente tudo o que chegava era urgência, aí já ia com as dispensas, não ia para as comissões e não estamos vendo essa necessidade. Os deputados estão aqui, não tem pandemia, não tem nada, podem trabalhar. (É uma questão de) Apenas cumprir o regimento”, explicou.
Botelho garantiu que não se trata de uma retaliação de sua parte à figura do governador ou da gestão estadual como um todo. “É só em relação a isso, a querer o melhor. Não estou querendo criar problema para o executivo, de jeito nenhum, nós estamos querendo que os projetos saiam daqui os melhores (…) Estou seguindo o que a maioria dos deputados colocou, essa reclamação de que tudo chega aqui a toque de caixa e que agora precisa ser mais debatido, só isso”, completou.
Relação estremecida
Conforme trouxe o MinutoMT, recentemente, Botelho e Mauro andam trocando farpas públicas. O presidente da ALMT voltou a criticar a inacessibilidade de alguns secretários, em especial Gilberto Figueiredo (União), chefe da saúde. Botelho ainda entrou no mérito e apontou ineficiência no setor da saúde, o que irritou o governador, que tem sérios problemas em receber crítica.
Mauro procurou a imprensa e retrucou afirmando que “tem muita falha na Assembleia”, o que acirrou ainda mais os ânimos. Também recentemente, Eduardo reforçou discurso do prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), adversário de Mauro, ao pontuar que o governador, de fato, decidiu sozinho em relação a troca do VLT, que já havia consumido mais de R$ 1 bilhão, para o BRT, em uma operação total que custará, no mínimo, mais outro bilhão de reais, por fim.
O gestor estadual é acusado de não ter aberto o diálogo com o legislativo e muito menos com a população, mesmo que fosse por meio de entidades representativas, para tratar dos tumos da mais importante obra dos últimos anos no estado. Ainda sobre atritos, Eduardo cada dia mais percebe que não deve ter o apoio de Mendes em seu projeto de tornar-se prefeito de Cuiabá, em 2024.
Mesmo com o contexto de que sua eleição abriria vaga no parlamento para Gilberto Figueiredo, pessoa da mais alta confiança do governador e primeiro suplente do União, Botelho tem uma verdadeira parede em sua frente. Isto porque, segundo também já divulgou o MinutoMT, a primeira-dama, Virgínia Mendes, que conta com muita voz ativa com o marido, tem uma aversão aparentemente irreversível pela figura de Botelho.
Fonte: Minuto MT
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